Encontrar material para escrever sobre a vida da cearense Ana Lúcia foi fácil e prazeroso, ela é eloquente e suas entrevistas muito animadas.
Formada em Geografia, com experiências profissionais de secretária no DAE e vendedora na TeleCeará, o acaso do destino alterou o rumo da vida pessoal e profissional de Ana Lúcia e seus três filhos – Ticiana, Felipe e Mariana.
Seu marido – José Tarcísio Mota de Sá – fundou a CERBRAS em 1990 e em 1994 faleceu de um ataque cardíaco fulminante. À época, a fábrica mantinha 80 colaboradores. Sem experiência prévia, Ana Lúcia se viu entre desistir da fábrica iniciada pelo marido ou assumir o negócio.
Segundo ela, o compromisso com as 80 famílias que dependiam da fábrica para seu sustento a fez aceitar o desafio de aprender sobre o negócio que até então conhecia superficialmente.
A história de desafios, crescimento, aprendizado e superação impressiona e incita profunda admiração, pois a CERBRAS não somente sobreviveu, como prosperou sob sua liderança.
Com muito carisma e estilo pessoal humilde, a atenção para com todos os colaboradores da fábrica é marca registrada da empresária que, aos 78 anos, de idade ainda exerce a presidência da empresa com muita energia.
Nesses 34 anos de história, a CERBRAS cresceu e se reinventou, passou por seis expansões e hoje produz 3.300.000 m² ao mês de revestimentos cerâmicos e de porcelanato; lançou recentemente o porcelanato em grandes formatos, realizou um rebranding de sua marca, exporta para 32 países e conta com 1275 colaboradores.
Em reconhecimento à sua trajetória, Ana Lúcia recebeu homenagem da Casa Cor 2022 por sua contribuição à indústria e economia do Ceará; recebeu a medalha Ivens Dias Branco, honraria entregue pela Câmara Municipal de Maracanaú a empresários locais em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à cidade; recebeu o Prêmio RioMar Mulher 2019 na categoria Economia e Negócios; foi homenageada no II Fórum Estadual de Mulheres da Administração (II Fema) e da Associação Empresarial de Indústrias na comemoração de 40 anos da entidade e recebeu a Medalha da Abolição 2024, honraria prestada pelo governador do estado do Ceará por sua contribuição para o desenvolvimento e enriquecimento do Estado.
As conquistas da empresa são compartilhadas em família, Ana Lúcia administra a CERBRAS junto a seus três filhos - Felipe, Ticiana e Mariana. Felipe já trabalhava na empresa quando seu pai faleceu, Ticiana e Mariana (ambas arquitetas) somaram-se à equipe poucos anos depois.
Felipe é responsável pela vice-presidência financeira, Ticiana pela vice-presidência administrativa e ambiental e Mariana pela vice-presidência comercial e industrial. O triunvirato tem se mostrado muito positivo para a empresa com a soma de competências dos herdeiros que demonstram muita coesão e harmonia.
Ana Lúcia Bastos Mota soube superar as adversidades que o destino lhe entregou, mantém bom humor invejável, alegria contagiante, deferência carinhosa às pessoas que colaboram na sua empresa, atenção aos detalhes que fazem sua empresa se destacar e confiança nos seus filhos e sucessores. Além disso, poucas empresas da indústria cerâmica têm a alta gestão majoritariamente feminina, como o faz a Cerbras, tornando-a destaque para a pauta de presença das mulheres na indústria cerâmica.
Por último, as iniciativas para avanço da agenda ESG são também destaques de atuação da Cerbras:
- Recuperação das jazidas de argila utilizadas pela empresa;
- Tratamento de efluentes;
- Reaproveitamento do calor do forno;
- Incorporação de resíduos da indústria de granito;
- Utilização de biogás no processo de fabricação;
- Coleta seletiva, reciclagem dos resíduos de fabricação (cacos cerâmicos e pós de argila);
- Pallets fabricados na própria empresa, com madeira reflorestada;
- Logística reversa das embalagens de insumos e pneus das empilhadeiras;
- Há 12 anos consecutivos a lista das Melhores Empresas para se Trabalhar (GPTW – Great Place to Work) no Ceará, de 2012 a 2023, e há 4 anos consecutivos entre as Melhores Indústrias para se Trabalhar do Brasil;
- 30 mil m² de fazenda de energia solar instaladas no teto dos galpões da fábrica;
- Apoio constante a arte local.